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Abre a pestana com um poema por semana

    (Dia Nacional dos Jardins – 25 de maio) O Jardim O jardim está brilhante e florido. Sobre as ervas, entre as folhagens, O vento passa, sonhador e distraído, Peregrino de mil romagens. É Maio ácido e multicolor, Devorado pelo próprio ardor, Que nesta clara tarde de cristal Avança pelos caminhos Até os fantásticos desalinhos Do meu bem e do meu mal. E no seu bailado levada Pelo jardim deliro e divago, Ora espreitando debruçada Os jardins do fundo do lago, Ora perdendo o meu olhar Na indizível verdura Das folhas novas e tenras Onde eu queria saciar A minha longa sede de frescura.                              Sophia de Mello Breyner Andresen  

Abre a pestana com um poema por semana

  (Dia da Espiga - Quinta-feira da Ascensão – 15 de maio) Querem uma Luz Melhor que a do Sol! Ah! Querem uma luz melhor que a do Sol! Querem prados mais verdes do que estes! Querem flores mais belas do que estas que vejo! A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me. Mas, se acaso me descontentam, O que quero é um sol mais sol que o Sol, O que quero é prados mais prados que estes prados, O que quero é flores mais estas flores que estas flores - Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!                                                Alberto Caeiro , in Poemas Inconjuntos  

Abre a pestana com um poema por semana

(Dia da Mãe – 07 de maio) Para Sempre Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra — mistério profundo — de tirá-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho.                  Carlos Drummond de Andrade , in Lição de Coisas

Abre a pestana com um poema por semana

  (Dia Mundial da Dança – 29 de abril))   Vem Dançar Quando essa tristeza não servir deixa-a partir Quando a tua voz quiser cantar deixa-a cantar Quando o sol no céu quiser luzir deixa-o luzir Quando os teus dois pés querem dançar deixa-os dançar Vem dançar em redor da frescura do mar vem dançar por favor em redor da alegria, da luz do amor Pé p’ra cá, pé p’ra lá que voltinhas darei que voltinhas dará o meu corpo a rodar vem dançar, vem dançar, vem dançar Quando a branca flor quiser florir deixa-a florir Quando o coração quiser voar deixa-o voar Quando tudo em ti quiser sorrir põe-te a sorrir Quando os teus dois pés querem dançar deixa-os dançar                                               José Fanha

Abre a pestana com um poema por semana

  (Dia do Livro Português – 26 de março) Os livros Os livros. A sua cálida, terna, serena pele. Amorosa companhia. Dispostos sempre a partilhar o sol das suas águas. Tão dóceis, tão calados, tão leais, tão luminosos na sua branca e vegetal e cerrada melancolia. Amados como nenhuns outros companheiros da alma. Tão musicais no fluvial e transbordante ardor de cada dia.                                     Eugénio de Andrade    

Abre a pestana com um poema por semana

  (Dia do Pai – 19 de março) O DIA DO PAI É um dia iluminado pela ternura de quem ama em cada filho o futuro como se fosse uma chama que nada pode apagar, seja o vento, seja a chuva, seja a tormenta do mar. É um dia carinhoso com uma história para contar que só acaba à noite quando nos vamos deitar, ao colo do nosso pai com uma canção de embalar.                        O livro dos dias , José Jorge Letria

Abre a Pestana com um poema por semana

   (Dia Mundial da Oração – 03 de março) A Paz sem Vencedor e sem Vencidos Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos A paz sem vencedor e sem vencidos Que o tempo que nos deste seja um novo Recomeço de esperança e de justiça Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos A paz sem vencedor e sem vencidos Erguei o nosso ser à transparência Para podermos ler melhor a vida Para entendermos vosso mandamento Para que venha a nós o vosso reino Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos A paz sem vencedor e sem vencidos Fazei Senhor que a paz seja de todos Dai-nos a paz que nasce da verdade Dai-nos a paz que nasce da justiça Dai-nos a paz chamada liberdade Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos A paz sem vencedor e sem vencidos                                     So phia de Mello Breyner Andresen, in Dual  

Abre a Pestana com um poema por semana

 (Dia Mundial do Doente – 11 de fevereiro) Lágrimas ocultas   Se me ponho a cismar em outras eras Em que ri e cantei, em que era querida, Parece-me que foi noutras esferas, Parece-me que foi numa outra vida…   E a minha triste boca dolorida, Que dantes tinha o rir das Primaveras, Esbate as linhas graves e severas E cai num abandono de esquecida!   E fico, pensativa, olhando o vago… Toma a brandura plácida dum lago O meu rosto de monja de marfim…   E as lágrimas que choro, branca e calma, Ninguém as vê brotar dentro da alma! Ninguém as vê cair dentro de mim!                                             Florbela Espanca, in Livro de Mágoas    

Abre a Pestana com um poema por semana

  (Dia Internacional do Vinho do Porto – 27 de janeiro) Aqui Douro. O Paraíso do vinho e do suor. (…)   Paraíso da aguarela forte das vinhas que entram em ondas verdes pelos olhos. Vinhas que estão na vida desta gente como grito nos lábios, como flor no desejo, como o olhar nos olhos, vinhas, sei lá, que são a própria vida desta gente.   Paraíso dourado das vindimas! Então o Douro é d’ ouro. (…) Ouro ainda no regresso do trabalho, ao som dum bombo, de uma concertina. Ouro nos cestos, nos lagares, nas pipas, ouro, ouro, suado de sangue, ouro! Ouro talvez nos cálices de quem veio de longe assistir da janela. Ah! Paraíso dourado das vindimas, do vinho quente, vinho-gente , que cintila, que é suor e sangue e sol engarrafado!   (…) Paraíso dos barrancos inconcebíveis, das rogas e dos silêncios, do grandioso silêncio das montanhas!     Paraíso! Paraíso! Oh! Cântico de pedra à esperança!                       António Cabral, Antologia dos poemas durienses

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  (Dia Internacional do Riso – 18 de janeiro)             Como “A gargalhada é o sol que varre o inverno do rosto humano.” (Victor Hugo), vamos aproveitar uns segundos para rir ainda que não seja à gargalhada …            Um bêbado atravessa a estrada fora da passadeira. Entretanto, passa um carro e buzina: “ Bi-bi!”.          O bêbado grita: “Eu também bibi e não foi pouco, não!”     

Abre a Pestana com um poema por semana

  Faz escuro mas eu canto Faz escuro mas eu canto, porque a manhã vai chegar. Vem ver comigo, companheiro, a cor do mundo mudar. Vale a pena não dormir para esperar a cor do mundo mudar. Já é madrugada, vem o sol, quero alegria, que é para esquecer o que eu sofria. Quem sofre fica acordado defendendo o coração. Vamos juntos, multidão, trabalhar pela alegria, amanhã é um novo dia. Thiago de Mello

Abre a Pestana com um poema por semana

    (03 de janeiro de 2023)   Ode à Paz Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza, Pelas aves que voam no olhar de uma criança, Pela limpeza do vento, pelos atos de pureza, Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança, Pela branda melodia do rumor dos regatos, Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia, Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos, Pela exatidão das rosas, pela Sabedoria, Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes, Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos, Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes, Pelos aromas maduros de suaves outonos, Pela futura manhã dos grandes transparentes, Pelas entranhas maternas e fecundas da terra, Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra, Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna, Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz. Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira, Com o teu esconjuro da bomba e do algoz, Abre a

Abre a Pestana com um poema por semana

(Dia da Imaculada Conceição – 08 de dezembro)   Advento do anjo Ontem e anteontem já passados arredondemos os olhos à volta daquela antiga realidade alfa ómega primeira e última que sempre diante na fronte trouxemos Circundemo-la de um colar de palavras sem pálpebras pobres pálidas de rosto roubadas às esquinas eivadas de arestas agrestes pontiagudas Percamos palavras como folhas perdem no outono as árvores, varridos pelo contínuo apascentar de cuidados Já se vão areando as praias de amanhã desde ontem a morte morreu E vamos e banhemo-nos no mar que o anjo forte cúpula do tempo se sente vir anunciar e fechar   Ruy Belo, Obra Poética

Abre a Pestana com um poema por semana

  Fui passear no jardim  Fui passear no jardim Sem saber se tinha flores Assim passeia na vida Quem tem ou não tem amores.                                 Fernando Pessoa, Quadras ao Gosto Popular

Abre a Pestana com um poema por semana

  A Lenda de São Martinho   Numa fria tarde de outono, Pela estrada cavalgava Martinho soldado romano Que uma bela capa usava.   Em redor, que temporal! Que chuva de arrepiar! Naquela tarde outonal Fazia um frio de rachar. Estava à beira do caminho Um pobre homem a tremer, Sem casaco nem roupa quente, Sem nada para se aquecer.   Ao vê-lo, Martinho parou E quis o mendigo ajudar, Ao meio a sua capa cortou Para com ela o agasalhar.   Depois retomou viagem, Em tão gélido ambiente, Com meia capa e coragem Levava a alma contente.   De repente tudo mudou Parecia até irreal! A chuva pronto parou E o sol brilhou sem igual!   E ninguém sofreu de frio Nos três dias a seguir. A água correu no rio, O campo pôs-se a florir.   Devido à sua bondade Veio o sol cintilar, Fez fugir a tempestade E pôs o bom tempo a reinar.