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Abre a Pestana com um poema por Semana

Pequeno Poema Quando eu nasci, ficou tudo como estava. Nem homens cortaram veias, nem o Sol escureceu, nem houve estrelas a mais...  Somente, esquecida das dores, a minha Mãe sorriu e agradeceu. Quando eu nasci, não houve nada de novo senão eu. As nuvens não se espantaram, não enlouqueceu ninguém...  Pra que o dia fosse enorme, bastava toda a ternura que olhava nos olhos de minha Mãe... Sebastião da Gama, in 'Antologia Poética'

Abre a Pestana com um Poema por Semana

  Se todos os rios são doces, de onde o mar tira o sal? Como sabem as estações do ano que devem trocar de camisa? Por que são tão lentas no inverno e tão agitadas depois? E como as raízes sabem que devem alçar-se até a luz e saudar o ar com tantas flores e cores? É sempre a mesma primavera que repete seu papel? E o outono?... ele chega legalmente ou é uma estação clandestina? Pablo Neruda

Abre a pestana com um poema por semana

    (Dia Nacional dos Jardins – 25 de maio) O Jardim O jardim está brilhante e florido. Sobre as ervas, entre as folhagens, O vento passa, sonhador e distraído, Peregrino de mil romagens. É Maio ácido e multicolor, Devorado pelo próprio ardor, Que nesta clara tarde de cristal Avança pelos caminhos Até os fantásticos desalinhos Do meu bem e do meu mal. E no seu bailado levada Pelo jardim deliro e divago, Ora espreitando debruçada Os jardins do fundo do lago, Ora perdendo o meu olhar Na indizível verdura Das folhas novas e tenras Onde eu queria saciar A minha longa sede de frescura.                              Sophia de Mello Breyner Andresen  

Abre a pestana com um poema por semana

  (Dia da Espiga - Quinta-feira da Ascensão – 15 de maio) Querem uma Luz Melhor que a do Sol! Ah! Querem uma luz melhor que a do Sol! Querem prados mais verdes do que estes! Querem flores mais belas do que estas que vejo! A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me. Mas, se acaso me descontentam, O que quero é um sol mais sol que o Sol, O que quero é prados mais prados que estes prados, O que quero é flores mais estas flores que estas flores - Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!                                                Alberto Caeiro , in Poemas Inconjuntos  

Abre a pestana com um poema por semana

(Dia da Mãe – 07 de maio) Para Sempre Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra — mistério profundo — de tirá-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho.                  Carlos Drummond de Andrade , in Lição de Coisas

Abre a pestana com um poema por semana

  (Dia Mundial da Dança – 29 de abril))   Vem Dançar Quando essa tristeza não servir deixa-a partir Quando a tua voz quiser cantar deixa-a cantar Quando o sol no céu quiser luzir deixa-o luzir Quando os teus dois pés querem dançar deixa-os dançar Vem dançar em redor da frescura do mar vem dançar por favor em redor da alegria, da luz do amor Pé p’ra cá, pé p’ra lá que voltinhas darei que voltinhas dará o meu corpo a rodar vem dançar, vem dançar, vem dançar Quando a branca flor quiser florir deixa-a florir Quando o coração quiser voar deixa-o voar Quando tudo em ti quiser sorrir põe-te a sorrir Quando os teus dois pés querem dançar deixa-os dançar                                               José Fanha

Abre a pestana com um poema por semana

  (Dia do Livro Português – 26 de março) Os livros Os livros. A sua cálida, terna, serena pele. Amorosa companhia. Dispostos sempre a partilhar o sol das suas águas. Tão dóceis, tão calados, tão leais, tão luminosos na sua branca e vegetal e cerrada melancolia. Amados como nenhuns outros companheiros da alma. Tão musicais no fluvial e transbordante ardor de cada dia.                                     Eugénio de Andrade    

Abre a pestana com um poema por semana

  (Dia do Pai – 19 de março) O DIA DO PAI É um dia iluminado pela ternura de quem ama em cada filho o futuro como se fosse uma chama que nada pode apagar, seja o vento, seja a chuva, seja a tormenta do mar. É um dia carinhoso com uma história para contar que só acaba à noite quando nos vamos deitar, ao colo do nosso pai com uma canção de embalar.                        O livro dos dias , José Jorge Letria

Abre a Pestana com um poema por semana

   (Dia Mundial da Oração – 03 de março) A Paz sem Vencedor e sem Vencidos Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos A paz sem vencedor e sem vencidos Que o tempo que nos deste seja um novo Recomeço de esperança e de justiça Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos A paz sem vencedor e sem vencidos Erguei o nosso ser à transparência Para podermos ler melhor a vida Para entendermos vosso mandamento Para que venha a nós o vosso reino Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos A paz sem vencedor e sem vencidos Fazei Senhor que a paz seja de todos Dai-nos a paz que nasce da verdade Dai-nos a paz que nasce da justiça Dai-nos a paz chamada liberdade Dai-nos Senhor a paz que vos pedimos A paz sem vencedor e sem vencidos                                     So phia de Mello Breyner Andresen, in Dual  

Abre a Pestana com um poema por semana

   (Dia de São Valentim – 14 de fevereiro) Quando a ternura for a única regra da manhã Um dia, quando a ternura for a única regra da manhã, acordarei entre os teus braços. a tua pele será talvez demasiado bela. e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor. um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for tão distante, quando o frio responder devagar com a voz arrastada de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da nossa janela. sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi nem uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar a perfeição da felicidade.                                                   José Luís Peixoto , in A Criança em Ruínas  

Abre a Pestana com um poema por semana

 (Dia Mundial do Doente – 11 de fevereiro) Lágrimas ocultas   Se me ponho a cismar em outras eras Em que ri e cantei, em que era querida, Parece-me que foi noutras esferas, Parece-me que foi numa outra vida…   E a minha triste boca dolorida, Que dantes tinha o rir das Primaveras, Esbate as linhas graves e severas E cai num abandono de esquecida!   E fico, pensativa, olhando o vago… Toma a brandura plácida dum lago O meu rosto de monja de marfim…   E as lágrimas que choro, branca e calma, Ninguém as vê brotar dentro da alma! Ninguém as vê cair dentro de mim!                                             Florbela Espanca, in Livro de Mágoas    

Abre a Pestana com um poema por semana

As palavras   São como um cristal, as palavras. Algumas, um punhal, um incêndio. Outras, orvalho apenas.   Secretas vêm, cheias de memória. Inseguras navegam: barcos ou beijos, as águas estremecem.   Desamparadas, inocentes, leves. Tecidas são de luz e são a noite. E mesmo pálidas verdes paraísos lembram ainda.   Quem as escuta? Quem as recolhe, assim, cruéis, desfeitas, nas suas conchas puras?                      Eugénio de Andrade